Cannabis Medicinal: Entenda o Que é, Como Funciona e Seus Benefícios Terapêuticos
A cannabis medicinal tem ganhado destaque no tratamento de diversas condições de saúde, oferecendo uma alternativa para pacientes que buscam alívio para sintomas de doenças crônicas, neurológicas e psicológicas. Utilizada de forma controlada e orientada por profissionais de saúde, a cannabis pode trazer benefícios significativos, como alívio da dor, controle de crises e melhora na […]

A cannabis medicinal tem ganhado destaque no tratamento de diversas condições de saúde, oferecendo uma alternativa para pacientes que buscam alívio para sintomas de doenças crônicas, neurológicas e psicológicas. Utilizada de forma controlada e orientada por profissionais de saúde, a cannabis pode trazer benefícios significativos, como alívio da dor, controle de crises e melhora na qualidade de vida. Neste artigo, vamos explorar o que é a cannabis medicinal, como ela funciona no organismo e os principais usos terapêuticos já comprovados.
História da Cannabis para fins medicinais.
Cannabis é um gênero de plantas proveniente da China, com seus primeiros registros de uso medicinal, datados em 2737 A.C., pelo imperador chinês Sheng Neng, que prescrevia aos seus súditos cannabis na forma de chá para tratamentos de doenças como gota, reumatismo e malária.
Desde então, a cannabis é usada como medicamento para o tratamento de várias patologias. Da China, foi levada para outras partes do mundo, principalmente Índia e África, onde era usada para ritos religiosos e alívio do estresse.
Em meados do século XV, a cannabis medicinal já era considerada medicamento para diversos tratamentos de enfermidades, principalmente a epilepsia.
No século XIX se data o primeiro estudo da cannabis de forma acadêmica e científica, feito pelo cientista William Brooke O’Shaughnessy, médico irlandês que, em viagem à Índia, para o estudo de diversas plantas, descobriu a cannabis, que era usualmente consumida pelos indianos, porém sem estudos científicos até então sobre a planta.
Na década de 60, o químico israelense Raphael Mechoulam conseguiu identificar e isolar o Tetrahidrocanabinol (THC), suas pesquisas foram fundamentais para o entendimento das propriedades químicas e o efeito no corpo humano da cannabis. Considerado o “pai da cannabis medicinal”, seus estudos foram fundamentais para o avanço das pesquisas sobre cannabis como remédio no começo do século XXI.
Os Componentes da Cannabis Medicinal: Propriedades e Potencial Terapêutico
No início do século XXI, a cannabis medicinal ganhou destaque no cenário da saúde, principalmente por suas propriedades terapêuticas comprovadas em diversos estudos. O principal fator que confere à planta seu valor medicinal são os compostos químicos presentes em sua composição. Esses compostos, conhecidos como canabinoides, terpenos e flavonoides, atuam de maneira distinta no organismo, proporcionando benefícios que vão desde o alívio da dor até o tratamento de condições neurológicas.
Os canabinoides são os compostos mais conhecidos da cannabis e têm sido amplamente estudados por seus efeitos no corpo humano. Entre os mais destacados estão:
- Tetraidrocanabinol (THC): O THC é o principal composto psicoativo da cannabis, responsável pelos efeitos de euforia e alterações no estado mental. No entanto, além de seus efeitos psicoativos, o THC possui propriedades terapêuticas importantes, como a redução da dor, alívio da náusea e estimulação do apetite, sendo útil em tratamentos de pacientes com câncer ou HIV/AIDS.
- Canabidiol (CBD): O CBD, ao contrário do THC, não é psicoativo, ou seja, não provoca os efeitos de “alta” típicos da cannabis. Ele tem atraído grande atenção por suas propriedades ansiolíticas, anticonvulsivantes, anti-inflamatórias e analgésicas. O CBD é utilizado no tratamento de condições como epilepsia, ansiedade, insônia, dor crônica e doenças neurodegenerativas como Alzheimer.
- Cannabigerol (CBG): O CBG é um canabinoide menos abundante, mas que tem mostrado potencial terapêutico em várias áreas. Pesquisas indicam que o CBG pode atuar como antibacteriano, anti-inflamatório e até mesmo como um possível tratamento para condições como glaucoma e doenças inflamatórias intestinais.
- Cannabinol (CBN): O CBN é um composto derivado do THC, formado quando este se oxida com o tempo. Embora o CBN tenha efeitos psicoativos leves, ele é principalmente valorizado por suas propriedades sedativas, sendo utilizado para tratar insônia e distúrbios do sono.
Formas em que a Cannabis Medicinal é usada
A cannabis medicinal pode ser utilizada de várias formas terapêuticas, dependendo da condição que está sendo tratada e das preferências do paciente. As formas mais comuns de uso incluem:
- Óleo de Cannabis: Os óleos são uma das formas mais populares. Eles são extraídos da planta e podem ser consumidos por via oral, sublingual (colocando algumas gotas sob a língua) ou até aplicados topicamente em algumas situações.
- Comprimidos e Cápsulas: Outra forma de administração oral. Essas cápsulas contêm extratos concentrados da planta e são tomadas com água.
- Fumar ou Vaporizar: Embora seja uma das formas mais tradicionais, fumar cannabis é menos comum no contexto medicinal, pois pode causar irritação nos pulmões. No entanto, o uso de vaporizadores, que aquecem a planta sem queimar, é uma opção popular e menos agressiva para os pulmões.
- Tópicos (cremes e pomadas): Produtos tópicos como cremes, pomadas e loções com extrato de cannabis são aplicados diretamente sobre a pele. São usados principalmente para aliviar dores locais, como em casos de artrite ou outros problemas musculares.
- Comida (edibles): Produtos alimentícios, como balas, chocolates e biscoitos, podem ser infundidos com extrato de cannabis. Esses “edibles” oferecem uma forma discreta de consumo, mas seu efeito é mais demorado devido à metabolização no estômago.
- Tinturas: São soluções concentradas de extratos de cannabis em álcool ou glicerina. Podem ser administradas por via sublingual (sob a língua), o que facilita uma absorção mais rápida.
- Supositórios: Embora menos comuns, os supositórios de cannabis podem ser uma opção para quem tem dificuldade de consumir a planta por via oral ou inalatória.
Principais condições de saúde tratadas com Cannabis medicinal
A cannabis medicinal tem sido cada vez mais utilizada no tratamento de diversas condições de saúde. Atualmente, é frequentemente indicada para:
- Dor Crônica: A cannabis tem propriedades analgésicas que podem aliviar dores intensas, especialmente em casos de condições como artrite, fibromialgia e neuropatia diabética.
- Esclerose Múltipla: A cannabis pode ajudar a controlar espasmos musculares e a rigidez, além de reduzir a dor associada à esclerose múltipla.
- Epilepsia: O canabidiol (CBD), um dos compostos da cannabis, tem demonstrado eficácia no controle de crises em formas graves de epilepsia, como a síndrome de Dravet e a síndrome de Lennox-Gastaut.
- Ansiedade e Depressão: A cannabis, especialmente com maior concentração de CBD, tem sido usada para ajudar no alívio dos sintomas de ansiedade e depressão.
- Náuseas e Vômitos Induzidos por Quimioterapia: O THC (tetra-hidrocanabinol) tem sido utilizado para reduzir náuseas e vômitos em pacientes que estão em tratamento contra o câncer.
- Doença de Parkinson: A cannabis pode ajudar a reduzir tremores e melhorar a qualidade de vida de pacientes com Parkinson, aliviando sintomas motores e não motores.
- Insônia: A cannabis é também usada para tratar distúrbios do sono, melhorando a qualidade do sono e ajudando com insônia, especialmente em pacientes com doenças crônicas.
- Transtorno do Espectro Autista (TEA): A cannabis, especialmente com maior concentração de CBD, tem sido utilizada para ajudar a reduzir comportamentos agressivos, ansiedade, estresse, dificuldades de sono e impulsividade em indivíduos com TEA.
Conclusão
A cannabis medicinal representa um avanço significativo no tratamento de diversas doenças e patologias, principalmente para pacientes nos quais os tratamentos com remédios convencionais não resolvem os sintomas ou causam diversos efeitos colaterais, que prejudicam a qualidade de vida do paciente.
Embora a regulamentação da cannabis medicinal ainda enfrente desafios referentes ao estigma social e mais estudos científicos, para comprovar todos os seus benefícios e melhorar os tratamentos, vem se provando um medicamento eficaz e seguro para pacientes e com efeitos colaterais mínimos.