Cannabis: entenda a diferença entre o uso recreativo e medicinal
Apesar de ambas as abordagens envolverem a mesma espécie vegetal, os objetivos, métodos de preparo e os efeitos sobre o organismo podem ser bem distintos.

Apesar de ambas as abordagens envolverem a mesma espécie vegetal, os objetivos, métodos de preparo e os efeitos sobre o organismo podem ser bem distintos. Neste artigo, vamos explorar as principais diferenças entre o uso recreativo e o uso medicinal da cannabis.
Cannabis para fins recreativos

O objetivo do consumo recreativo da cannabis é, sobretudo, buscar efeitos psicoativos que promovam relaxamento, euforia e alterações na percepção sensorial. Nesse contexto, o foco recai sobre o tetrahidrocanabinol (THC), o principal componente responsável pelos efeitos “altos” e pela sensação de bem-estar temporário. Usuários recreativos, em geral, buscam a experiência de desinibição e socialização que a planta pode proporcionar, apesar dos riscos associados ao consumo excessivo. No contexto recreativo, a ênfase é colocada na potência e no efeito psicoativo.
Muitas vezes, a cannabis destinada ao consumo recreativo passa por métodos de cultivo e preparação que visam maximizar a concentração de THC que variam de 5% até 60%. Formas comuns de consumo incluem o fumo, resina (haxixe), óleo ou vapor, que garantem a rápida absorção do THC pelo organismo e a sensação imediata de “alta”. Embora o consumo recreativo de cannabis possa proporcionar sensações prazerosas, o uso prolongado e frequente pode acarretar riscos à saúde. Estudos apontam que o consumo de produtos com alto teor de THC está associado a problemas cognitivos e psiquiátricos, como déficit de memória, dificuldade de concentração, ansiedade, depressão e, em casos mais extremos, psicose. Além disso, a dependência psicológica pode se desenvolver, comprometendo a qualidade de vida do usuário.
Regulação
A regulação do uso da cannabis varia significativamente ao redor do mundo. Em muitos países, o consumo recreativo ainda é ilegal ou fortemente restrito, enquanto o uso medicinal tem ganhado avanços na legislação, permitindo o acesso controlado aos tratamentos baseados em cannabis. Essa diferenciação legislativa reflete o reconhecimento dos benefícios terapêuticos da planta, bem como a preocupação com os potenciais riscos do uso indiscriminado.
Os riscos associados a essas substâncias para uso recreativo, não definem toda a história da Cannabis sativa. A ciência tem revelado que, quando explorada com rigor terapêutico, essa planta oferece um componente capaz de reverter danos e salvar vidas, o CBD.
Cannabis para fins medicinais

Por outro lado, o uso medicinal da cannabis é direcionado ao tratamento de condições de saúde específicas. Embora o uso recreativo esteja associado a riscos significativos à saúde, a mesma planta (a Cannabis sativa) revela um potencial terapêutico surpreendente quando seus componentes são isolados e aplicados de forma controlada. É o caso do canabidiol (CBD), um canabinoide que, ao contrário do THC, não causa efeitos psicoativos, mas oferece benefícios comprovados para diversas condições médicas e tem demonstrado propriedades anti-inflamatórias, ansiolíticas, antiepilépticas e neuroprotetoras, o que o torna uma alternativa promissora para o alívio de dores crônicas, controle de crises epilépticas, redução da ansiedade e manejo de outras condições médicas.
Os métodos de cultivo e extração tendem a priorizar a qualidade e a segurança. Os produtos medicinais, que podem ser encontrados em forma de óleos, cápsulas, sprays ou tópicos, são preparados com processos que garantem uma dosagem precisa e a manutenção de outros componentes benéficos, como o CBD. A padronização é fundamental, já que o tratamento depende da administração correta e controlada dos princípios ativos, minimizando efeitos colaterais e garantindo a eficácia terapêutica.
Os medicamentos à base de cannabis – sobretudo aqueles formulados com CBD – têm se mostrado eficazes no tratamento de diversas condições, incluindo epilepsia refratária, dores crônicas, esclerose múltipla, ansiedade e distúrbios do sono. Embora efeitos colaterais possam ocorrer, estes tendem a ser menos intensos quando comparados aos dos medicamentos sintéticos tradicionais. A supervisão médica é fundamental para ajustar a dosagem e monitorar possíveis interações com outros tratamentos.
Conclusão
Mas como a mesma planta que produz efeitos tão nocivos em sua forma adulterada pode ser a base de tratamentos inovadores? A resposta está no equilíbrio químico: Enquanto as substâncias citadas exploram o THC em altas concentrações, os medicamentos com CBD priorizam um composto que não apenas neutraliza os danos do THC, mas também abre portas para a medicina moderna.
Estudos que foram citados do King’s College de Londres alertam que o skank, maconha, haxixe, óleo triplicam o risco de psicose, mas pesquisas paralelas revelam que o CBD, outro componente da Cannabis, age como um antídoto a esses efeitos. Essa dualidade ilustra como a mesma planta pode ser fonte de risco ou cura, dependendo de como seus elementos são extraídos e aplicados.
Enquanto o uso recreativo foca na experiência psicoativa proporcionada pelo THC com seus riscos associados, o uso medicinal se concentra em aproveitar os benefícios terapêuticos do CBD e outros compostos de forma controlada e segura. A escolha entre uma abordagem e outra depende dos objetivos do consumidor, da necessidade de tratamento e, fundamentalmente, da regulamentação e supervisão médica adequada.
Ao compreender essas diferenças, tanto usuários quanto profissionais da saúde podem tomar decisões mais informadas e seguras, aproveitando o potencial da cannabis de maneira responsável e benéfica.